TERAPIA DE VIVÊNCIA TRANSPESSOAL Apesar de polêmica, a terapia da regressão promete ajudar pacientes com aflições e transtornos psicológicos a superar problemas. O médico piauiense Ribamar Tourinho é referência nacional quando se trata de um assunto polêmico: a terapia de regressão, através da qual se espera que o paciente encontre a cura para males como pânico, depressão, fobias, solidão, agressividade, timidez, entre outros. A despeito das críticas, Tourinho contabiliza cerca de dez mil atendimentos e inúmeras palestras, seminários e aulas por todo o país falando sobre sua especialidade. Em entrevista exclusiva a O DIA, o médico, que também é autor de livros sobre o tema, esclarece alguns pontos relacionados a uma das terapias que mais divide opiniões em todo o mundo. Confira: Médico Ribamar Tourinho utiliza a terapia de regressão no tratamento de pânico, depressão, fobias, entre tantos outros transtornos. A “REGRESSÃO” Hoje em dia não se chama mais de regressão. O termo usado é Terapia de Vivência Transpessoal, porque na realidade ninguém regride. A Física moderna mostra que só existe o hoje. Quando você lembra de um momento da sua infância, vem uma reação aqui, agora, nesse instante. Então isso não está no passado, se está mexendo com você aqui, como é que está no passado? Essa é uma prova que eu dou para os meus clientes quando eles me perguntam se não há perigo de “voltar ao passado e ficar lá”. Esse perigo não existe. Primeiro porque você não vai ao passado, as emoções estão aqui. Por isso é que a pessoa sente medo, pânico, rejeição, culpa. Está tudo aqui no hoje. A técnica que eu utilizo não é só “regressão”, na verdade é um conjunto de técnicas para ajudar a pessoa a sair do seu tormento, do seu sofrimento, quando ela não consegue resolver intelectualmente nem com medicamentos. Aqui temos duas certezas na nossa abordagem terapêutica: a primeira é que ninguém muda ninguém. Porque cada pessoa é única no universo, por isso nós não usamos de analisar as pessoas. Como é que eu vou analisar uma pessoa que é única? Eu apenas faço perguntas. A outra certeza: se existe o efeito, tem de ter a causa. O que a pessoa me falar eu vou acreditar; se uma pessoa me falar que tem o maior pavor de celular, eu acredito que isso é uma verdade. Em algum momento da existência desse ser, o celular fez uma diferença negativa. E como se resolve o efeito? Identificando a causa. Como se chega à causa? O primeiro passo é o querer, é decidir que quer resolver. A pessoa precisa perceber se aquilo está atrapalhando a sua vida, o seu crescimento como homem, como mulher. A técnica só funciona se a pessoa quiser, se ela disser que quer, aí sim, conte comigo. A TÉCNICA O cliente deita no divã; ele fica consciente. Não existe hipnose, peço que a pessoa fique à vontade, que aqui ela está em segurança. A pessoa vai relaxar, mas não é pra dormir. Eu digo sempre que tem uma dor no passado, mas ela não vai voltar ao passado. Então, num determinado momento, vou pedir que ela me fale o que vem à mente, como se fosse uma tela. Peço que a pessoa não raciocine, evite raciocinar, porque podem vir à mente situações que ela tem consciência de que já passou por aquilo. E pode vir qualquer outra cena que nunca veio à mente. Então eu peço: o que vier à mente, fale. Seja bonito, feio, horroroso, pavoroso, moral ou imoral, fale. Se vierem as emoções, se permita falar, chorar, xingar, bater. Em 90% dos clientes, não importa a crença, vêm à mente situações do passado. Mas para nós isso não importa, não existe nenhuma plataforma religiosa nesse trabalho. Quem acredita em vidas passadas, considera que o veio é de uma vida passada. Quem não acredita, acha que é um recurso da sua mente, que está trazendo aquilo para que se possa resolver o que se tem para resolver. RESULTADOS Sem exageros, diria que o índice de bons resultados chega a 90%. A grande maioria dos clientes que chega aqui vem por indicação, e se foram indicados é porque houve um resultado, senão ninguém mandaria. A técnica funciona porque é o paciente que faz o trabalho dele. Eu sou um facilitador, eu estimulo: fale! Às vezes a pessoa me pergunta: “doutor, e se eu estiver inventando?”. Não tem problema, porque você não tira de onde não tem. Aquilo que a pessoa acha que está inventando é uma história viva que vem à mente, tem sentimento, tem emoção e está viva em você. Quando a pessoa vivencia, nós usamos de repetir várias vezes aquela experiência dolorosa até esgotar. Depois que esgota aquela emoção, nem que a pessoa queira, ela não volta. Você lembra de tudo, mas a parte emocional, que é o que interessa, está curada. Mas eu digo a todos os meus pacientes, eu não curo ninguém. Cada um o faz por si. A CURA O processo de cura é rápido. Estou com quase dezoito anos trabalhando nessa área, são quase dez mil sessões. Já observo que em cinco sessões o cliente tem um avanço muito bom, mas não sou eu que dou alta. O cliente é que diz se está bem. Ele chega aqui com um medo, com um pânico; quando esse pânico desaparece, ele não tem mais o que fazer aqui. Se sente uma solidão e essa solidão desaparece, pronto. Se não desaparecer, ou se voltar, é porque não chegou na causa ainda. Aí a pessoa pode voltar, mas não chega a 2% o índice de pessoas que volta por causa disso. Voltam, sim, mas para trabalhar outras situações. INDICAÇÕES A terapia de Vivência Transpessoal é indicada em todas as situações que você não consegue resolver intelectualmente nem com medicamentos, quando o problema é emocional. Nós temos o cuidado de trabalhar o ser total. Eu sempre pergunto se o cliente já foi ao médico, se já descartou qualquer possibilidade de problema orgânico, se já fez um check-up. A parte psíquica é tratada aqui nessa abordagem. O social também influencia no todo. As cores também influenciam o seu humor, o alimento, o que a pessoa bebe. E também o espiritual, que está além do físico e nós fazemos essa avaliação. A TVT avalia e trabalha o ser humano como ser total: bio, psico, sócio e espiritual. Nós não desconsideramos a influência dos mundos paralelos. Não dá para descartar o mundo metafísico, senão não se faz um trabalho completo. Tem casos que só aqui no meu trabalho não resolve, tem que encaminhar para tratamento espiritual, respeitando a crença de cada um. Se é um cliente evangélico, ele vai conversar com o pastor; se é católico a gente encaminha para os carismáticos, se a pessoa não é ligada a nenhuma religião a gente encaminha para o kardecismo. Ribamar Tourinho garante sucesso em 90% dos pacientes. CRIANÇAS A partir de 9 anos a criança já pode fazer TVT. O que mais traz meninos e meninas para cá são sentimentos de abandono, medos, depressão. Quase 90% causados por desequilíbrio familiar, problemas do pai e da mãe, na verdade quem deveria vir mais seria o pai e a mãe. A grande verdade é que nós, seres humanos e sociedade, ainda não sabemos cuidar das crianças. Eu afirmo com toda a segurança: não existem adultos, existem crianças crescidas. A prova é que nós temos medos, não existe um adulto que não tenha se machucado uma vez. E o nosso comportamento também muitas vezes é infantil, a nossa criança muitas vezes vem à tona. Isso acontece porque nós não fomos cuidados devidamente pelos nossos pais, eles nos deram o que tinham para dar. Quando eu falo isso não estou culpando nenhum pai, nenhuma mãe. O que se pretende é, com informação, quebrar o ciclo de que nós somos vítimas filhas de vítimas. Diz-se que a criança não sabe de nada, mas ela sabe de tudo. HÁ CONTROVÉRSIAS O Conselho Federal de Psicologia se contrapõe à TVT. O de Medicina até que não porque ele considera que o que o profissional faz para ajudar o paciente é válido. O que se faz aqui nada mais é que um diálogo, é estimular a pessoa a colocar pra fora o lixo que tem dentro, que foi reprimido. Se a pessoa não tira esse lixo, ele vai sair, em forma de doença. A questão do componente espiritual também choca, aí é que está a maior polêmica com a psiquiatria e a psicologia. Mas alguém tem que enfrentar. Não dizem que são os loucos que abrem os caminhos e os sábios é que seguem? Eu pago um preço. No começo foi mais difícil, hoje não, os colegas já reconhecem, encaminham pacientes e acompanham os resultados. E outro ponto importante é que o cliente está aqui consciente, não existe manipulação. Eu uso as técnicas indicadas para cada caso, como a programação neurolingüística; para quem é visual há uma abordagem, para os sinestésicos, outra e assim por diante. Eu explico para o cliente como é a técnica, ele decide se continua ou não. Mas para o Conselho de Psicologia isso aqui é um horror, o que eu lamento. Porque se tratasse de psi, que é alma, é espírito, é ilimitado. Como é que se quer limitar o ilimitado? Deviam pelo menos fazer uma avaliação para saber se ajuda ou não ajuda para depois condenar, mas simplesmente condenar por negar? Negar não vai ajudar nada. A Psicologia precisa ter coragem, descer do pedestal. Aqui eu não digo o que o paciente tem que fazer, é o contrário. Eu fico aqui flexível para colher tudo, cada um é que vai dizer como vai se curar; não tenho uma fórmula. A principal estratégia terapêutica é a flexibilidade. Autora: Natacha Maranhão - Repórter Jornal O Dia PI Brasil - Domingo, 13 de janeiro de 2008